terça-feira, 26 de agosto de 2008

Malditos astros

Este fim-de-semana, ao folhear os semanários da praxe, cai (mais uma vez!) no erro de ler as previsões astrológicas. Segundo aquela senhora com nome de abelha animada que é também figura do jet-set, comentadora televisiva, relações públicas e põe cartas nas horas vagas, a coisa não se avizinha famosa. É um desconsolo. A semana ainda nem sequer começou e as perspectivas que se abrem são de “dificuldades nos relacionamentos, lentidão nas concretizações” e, para ajudar à festa, ainda é preciso ter cuidado com garganta. Mais valia ter virado logo a página.
Mas houve remédio à vista. Peguei noutro jornal, onde é um senhor entendido no oráculo de Belini que disserta sobre o meu destino a curto prazo. Naquelas linhas, o panorama não está tão mau. Ao menos isso. Podemos sempre fazer como no caso da meteorologia: quando não gostamos, mudamos de canal e, com um bocadinho de sorte, mudam os ventos. Num lado a chuva é certeira, no outro fica-se pelo céu nublado.
Gosto de acreditar no livre arbítrio. Posso ser masoquista, mas digiro melhor a incerteza do futuro do que os caprichos dos astros. Além disso, é muito mais empolgante. Desagrada-me a ideia de que os planetas se uniram para me tramar ou facilitar a vida, que se metem entre mim, os outros e as nossas opções.
Assim reduzida a meia dúzia de linhas desenxabidas, a astrologia parece ameaçar fazer dos dias uma seca accionada por controlo remoto.
Só consigo vislumbrar cobardes entre os adeptos destes ditames. Aqueles que têm medo de fazer a festa e de levar com as canas. Ou que preferem o conforto da explicação cósmica para aquilo que, na maioria das vezes, é um irremediável mistério.
Sou da equipa dos sofredores. Daqueles que se torturam com os erros e que facilmente caem nos buracos negros mas que nunca se cansam de correr atrás da felicidade… ou daquilo que pensam que ela é. E aí do planeta que se meta no meu caminho!

1 comentário:

Apostol disse...

Esta faz-me lembrar que há muitos anos, trabalhava eu num certo jornal de nomeada e o horóscopo era simples de fazer: como o 'guito' era pouco para se pagar aos aldrabões profissionais, cada um à vez era escolhido para fazer de aldrabão amador e, consequentemente o horoscopo do dia. A coisa era simples: procurava-mos saber os signos dos companheiros que gostávamos ou não e mandávamos os 'recados'...
E pronto, estavam as previsões feitas!!!